Ginecologista com foco em menopausa, lipedema e emagrecimento, aposta na prevenção e no atendimento individualizado para promover saúde em todas as fases
Nascida em Niterói e criada em Brasília, Marina Sampaio cresceu rodeada por estetoscópios e prontuários. Filha, neta e sobrinha de médicos, demorou a assumir que a medicina também era seu caminho. "Eu jurava que ia fazer qualquer coisa, menos medicina. Meu pai era obstetra, vivia saindo de casa por conta das pacientes. Achava aquilo uma loucura", lembra.
Mas bastaram as primeiras aulas de biologia para que o interesse pelo corpo humano tomasse forma. O interesse cresceu quando começou a acompanhar o pai e se encantou pela obstetrícia.
Formou-se em Medicina em Ribeirão Preto (SP), e voltou à capital federal para realizar a residência em ginecologia e obstetrícia no Hospital Materno Infantil, onde atuou como concursada e integrou a chefia do setor. "Era muito desgastante. A gente lida com o SUS, com todas as dificuldades. Quando entrei na gestão, vi de perto o quanto é difícil fazer a diferença sem apoio político real", comenta.
O esgotamento pessoal e profissional a levou a tomar uma decisão radical: deixou a estabilidade da capital para recomeçar em Nova Friburgo, cidade de origem de sua família paterna.
A clínica como espaço de escuta, acolhimento e cuidado integral
Em Nova Friburgo, onde vive há 13 anos e recebeu o título de cidadã friburguense, Marina assumiu plantões em maternidades da região e chegou a dirigir um hospital. Mas seu propósito a levou a outro caminho. "Comecei a estudar hormonologia, depois nutrologia. Eu queria oferecer um atendimento completo, mais humano, com tempo para escutar de verdade". Com a própria experiência com o sobrepeso, entendeu na pele a importância da prevenção e da abordagem multidisciplinar.
Hoje, à frente de sua clínica, atende mulheres de todas as idades em consultas que duram até uma hora. O cuidado se estende da saúde ginecológica à avaliação hormonal, nutrição, sono, humor, intestino, libido e histórico familiar. "Gosto de ser o ponto de apoio da paciente. Mesmo que ela passe por outros especialistas, centralizamos aqui o plano de cuidado dela", diz.
A estrutura da clínica também foi pensada para facilitar a vida de quem busca ajuda. Ali mesmo, a paciente pode realizar exames de imagem, terapias injetáveis, acompanhamento nutricional e treino personalizado. "A ideia foi criar um espaço onde tudo pudesse ser resolvido com conforto e privacidade", conta.
Reposição hormonal: mitos, riscos e segurança baseada em evidências
Um dos temas mais recorrentes no consultório de Marina é a reposição hormonal. Muitas mulheres ainda chegam temerosas, especialmente as que possuem histórico de câncer na família. "Essa ideia de que não se pode usar nenhum hormônio é um mito que veio de um estudo antigo com substâncias sintéticas. Hoje, os bioidênticos têm perfil mais seguro e estudos de longa duração que comprovam seus benefícios", explica.
A médica esclarece que os hormônios bioidênticos têm estrutura molecular idêntica à dos hormônios produzidos naturalmente pelo corpo humano, o que reduz significativamente os riscos e os efeitos colaterais quando comparados às versões sintéticas. Além disso, são prescritos de forma personalizada, com base em exames laboratoriais, histórico familiar, sintomas e perfil metabólico da paciente.
"Não existe contraindicação absoluta para todos os hormônios. Avalio cada caso. Já atendi pacientes com histórico oncológico que, depois do tratamento, conseguiram melhorar a qualidade de vida com protocolos adaptados", conta.
Em sua visão, a reposição hormonal bem conduzida vai além da libido e da disposição: atua na memória, nos ossos, no sistema cardiovascular, no controle de peso e até na saúde emocional. "Tem paciente que diz: 'voltei a ter cor na vida'. Isso é muito potente", completa.
Marina também alerta que iniciar a reposição no momento certo é fundamental. "Existe uma janela de oportunidade, que começa até 10 anos antes da parada da menstruação. Começar cedo reduz riscos e amplia os benefícios, principalmente em relação à saúde cardiovascular e osteomuscular".
Ela reforça a importância da informação qualificada e do diálogo franco: "Medo não deve impedir ninguém de buscar qualidade de vida. O que não dá é ficar sofrendo com sintomas e achar que isso é normal da idade. Não é. Dá para tratar com segurança, sim", diz.
Prevenir é cuidar antes da doença aparecer
A visão da médica vai além do tratamento dos sintomas. A prevenção é um dos pilares centrais de seu atendimento. Ela defende o acompanhamento já a partir da perimenopausa, fase que antecede a menopausa e em que os hormônios já começam a oscilar. "Estudos mostram que iniciar o cuidado hormonal mais cedo reduz em até 30% o risco de doenças cardiovasculares", ressalta.
Essa abordagem preventiva também se estende a adolescentes e mulheres mais jovens. "Tenho pacientes de 12 anos que já apresentam síndrome metabólica. É muito mais difícil cuidar aos 40 do que a gente poderia ter prevenido aos 12", observa. Em casos como esse, o trabalho se estende à família. "Oriento, trato, acompanho. A mudança tem que ser coletiva", explica.
Protocolos de emagrecimento com base científica e suporte emocional
Outro diferencial do trabalho de Marina está nos protocolos de emagrecimento, desenvolvidos especialmente para mulheres com dificuldade de resposta a dietas tradicionais ou que enfrentam oscilações hormonais importantes. O foco, segundo a médica, não é a estética imediata, mas um processo de reeducação metabólica e prevenção de doenças associadas ao excesso de peso, como resistência insulínica, diabetes, hipertensão, esteatose hepática e alterações de tireoide.
A estratégia é estruturada a partir de consultas prolongadas e exames detalhados, com destaque para o uso de medicações modernas como a tirzepatida e a semaglutida, que ajudam a modular o apetite, controlar a glicemia e reduzir a inflamação. "Essas medicações atuam no centro de saciedade do cérebro, mas é preciso saber prescrever, acompanhar os efeitos e associar a mudanças reais no estilo de vida", alerta.
No primeiro mês, a paciente é acompanhada semanalmente, com ajustes na dosagem e acompanhamento multidisciplinar que inclui nutricionista e treinador físico. Além disso, são realizadas avaliações de bioimpedância para analisar composição corporal, com atenção ao ganho de massa magra e à preservação da força muscular. "Muitas mulheres perdem peso, mas junto perdem massa. E isso não é saudável. Nosso foco é perda de gordura, com manutenção ou ganho de músculo", conta.
Outro diferencial é o suporte emocional durante todo o processo. "Muitas pacientes chegam com autoestima muito abalada. Então, além de tratar o corpo, tratamos também a relação que elas têm com a própria imagem e com a alimentação", afirma. O plano é adaptado à rotina e aos objetivos de cada mulher, respeitando restrições alimentares, histórico clínico e tempo disponível. "Não existe fórmula mágica. Existe acompanhamento de verdade e um plano possível de ser seguido", reforça.
Lipedema: dor, desinformação e acolhimento
Nos últimos anos, a médica tem se dedicado também ao atendimento de mulheres com lipedema, condição crônica, inflamatória e de origem genética que ainda é pouco conhecida por muitos profissionais e frequentemente confundida com obesidade ou celulite. "A paciente diz que não emagrece a perna, que sente dor, que está sempre roxa. Isso não é estético. É uma doença inflamatória e precisa de tratamento multiprofissional", destaca Marina.
Caracterizado pelo acúmulo desproporcional de gordura nas pernas, quadris e, em alguns casos, nos braços, o lipedema pode causar dor, sensibilidade ao toque, hematomas frequentes, sensação de peso e dificuldade de mobilidade. A médica reforça que dietas tradicionais e exercícios convencionais geralmente não são eficazes para esses casos, o que leva muitas mulheres a anos de frustração, autocrítica e diagnósticos errados.
O protocolo da clínica é baseado em quatro pilares: regulação hormonal, nutrição anti-inflamatória, atividade física adaptada e terapias injetáveis específicas. "Precisamos olhar para o metabolismo, para o sistema linfático, para o estado emocional. O lipedema afeta a autoestima, a vida social e até o rendimento no trabalho. É uma dor que vai além do físico", pontua.
A ultrassonografia é uma ferramenta importante no acompanhamento das pacientes, mas o diagnóstico é clínico e depende de escuta qualificada e exame físico. "A paciente já chega com a história na ponta da língua, dizendo que desde a adolescência tem as pernas maiores, que sente dor ao toque, que os exames estão sempre normais, mas ela não se reconhece no espelho", diz Marina.
A abordagem nutricional privilegia alimentos com ação anti-inflamatória, controle glicêmico e suporte à função hepática. A suplementação é personalizada, com atenção à vitamina D, magnésio, ômega-3 e fitoterápicos. "Nem toda mulher com lipedema tem sobrepeso, e mesmo as que têm, não devem ser tratadas com foco na balança. O foco é funcional, é na qualidade de vida", explica.
A prática de atividade física é orientada de forma individualizada, com ênfase em exercícios de baixo impacto e fortalecimento muscular progressivo, como hidroginástica, musculação adaptada, bicicleta ou caminhada. "Não é qualquer treino que serve. Um treino inadequado pode agravar ainda mais os sintomas", alerta.
Em alguns casos, é indicada a cirurgia de lipoaspiração especializada, realizada por equipe experiente e dentro de protocolos específicos, com foco terapêutico, não estético. "Mas a cirurgia não é ponto de partida. É parte de um plano maior. Antes, a gente precisa organizar o corpo, reduzir inflamação e preparar essa mulher física e emocionalmente", reforça.
Além disso, a médica se preocupa em oferecer acolhimento emocional e educar sobre a doença. "O que mais ouço é: ‘Por que ninguém nunca me falou sobre isso?’. O diagnóstico correto muda tudo. Dá nome ao que antes era culpa, dá estratégia ao que era tentativas aleatórias".
Planos futuros e uma atuação social em construção
Com a clínica estruturada e equipe multidisciplinar consolidada, Marina planeja agora um novo projeto: uma ONG voltada à prevenção da obesidade infantil e ao acompanhamento de gestantes em vulnerabilidade. "Queremos atuar desde a gravidez e primeira infância. Começar cedo é fundamental para quebrar o ciclo de doenças que afetam tantas mulheres e famílias", diz.
Para quem ainda teme o tratamento hormonal ou não encontra acolhimento no atendimento tradicional, ela deixa um conselho simples e direto: "Pega o volante da tua saúde. Antes de dizerem que você não pode, procure uma avaliação individualizada. A gente tem direito de se sentir bem".
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