Em entrevista à CARAS Brasil, a atriz Lis Luciddi fala sobre carregar legado de tia veterana na televisão e revela ambições para a carreira artística
Publicado em 16/05/2025, às 11h30
Lis Luciddi(43) é dona de uma trajetória única: antes de se entregar à atuação, a intérprete tentou a carreira jurídica e chegou a se formar em direito, mas abandonou o meio para se dedicar ao trabalho de atriz, seu sonho de infância. Sobrinha da veterana Daisy Lúcidi (1929-2020), Lis carrega o legado da tia que marcou a TV brasileira. Em entrevista à CARAS Brasil, ela avalia o impacto de sobrenome na carreira: "Tudo na raça", declara.
Dona de uma trajetória cheia de voltas e mergulhos sinceros na arte, Lis Luciddi carrega um sobrenome que é, ao mesmo tempo, sinônimo de tradição e força. Sobrinha da atriz, jornalista e política Daisy Lúcidi, Lis já tem duas décadas de carreira no audiovisual e no teatro, mas garante que sua caminhada não teve atalhos. “Infelizmente, não me facilita a carreira. Eventualmente me perguntam sobre o parentesco, mas, pelo menos até hoje, isso nunca me proporcionou alguma escalação ou espaço. Eu adoraria, mas é tudo na raça mesmo”, diz.
Antes de se firmar como atriz, Lis trilhou brevemente um caminho mais tradicional. Formada em Direito, ela revela que a escolha da profissão foi motivada por influência familiar e por suas habilidades com escrita. “Desde criança eu sabia que era da arte. Organizava peças na escola, pedi pra aprender Mozart aos 11 anos. Eu sabia e eles também”, conta. Mesmo sem gostar do curso, fez questão de concluí-lo. “Foi uma festa na família. Já no início da faculdade vi que não era pra mim. Voltei para o teatro e terminei o curso apenas pra fechar o ciclo. Isso foi em 2008. De lá pra cá, só atuação na minha vida. Ufa!”
Equilibrando cinema, televisão e teatro, Lis demonstra versatilidade e disciplina em sua trajetória. Para ela, não há escolha entre os formatos. “Ah, é uma delícia! Eu realmente sou apaixonada por atuar nessas três frentes. Não nasci pra outra coisa nessa vida. Organizando, dá pra conciliar tudo”, afirma com entusiasmo.
Entre seus trabalhos mais recentes, o longa Homens Mortos Não Contam Histórias, dirigido por Lula Magalhães, ocupa um lugar especial. “Martine, minha personagem, é uma matadora de aluguel inspirada em uma outra personagem minha que vivi em Invasor, um curta de 2014 do mesmo diretor”, revela. Revisitar essa criação de mais de uma década foi um desafio técnico e emocional: “Foi uma experiência diferente de tudo que já fiz. Invasor é um filme tenso e sem falas. Então, como é a voz dela? A respiração ao falar? Foi um estudo bem gostoso de fazer”.
Fã assumida de filmes de terror, ela confessa que esse é um gênero que a diverte em casa, mas exige muito nos bastidores. “Meu marido e eu adoramos assistir terror! A gente se diverte, ele grita de susto, me abraça. Eu rolo de rir! Mas na hora de atuar, o assunto é sério. O terror tem uma linha tênue para o risível. Se a atuação não estiver muito encaixada, dá problema. Todo cuidado é pouco”, explica. Para manter a intensidade necessária, ela conta com a ajuda do método Ivana Chubbuck de atuação, que usa com frequência.
Já em Ameaça Invisível, produção da Record gravada durante a pandemia, Lis vive Mirela, uma fisioterapeuta alto astral e melhor amiga da protagonista interpretada por Juliana Knust (43). Apesar da ansiedade pela estreia, a atriz brinca com a espera: “Já roí todas as minhas unhas das mãos e dos pés na expectativa!”. Por ter sido gravada remotamente, com cada ator em sua casa, ela destaca o desafio adicional e espera que a série surpreenda o público.
Aos olhos do público, Lis aparece impecável em cena — mas por trás disso há uma rotina de autocuidado levada muito a sério. “Sou super vaidosa sim! Desde criança, minha mãe relata. Sou bem disciplinada com o skincare e visitas à minha dermatologista, Dra. Renata Brasileiro, sempre que vou a Salvador”, conta. Além da musculação, ela mantém treinos variados e exigentes: faz hot yoga, pole dance e stage combat — técnica específica para lutas simuladas em cena.
Mas nem tudo é tão regrado assim. “O que ainda é desafio pra mim é a alimentação. Sigo lutando contra esse apetite infantil”, confessa com bom humor. Para equilibrar a dieta, ela conta com o apoio da prima e nutricionista Gabriela Lucidi. Em 2024, passou também por um remodelamento costal com o cirurgião Paulo Duarte: “Estou adorando a cinturinha mais fina”.
A saúde mental, ela garante, também é uma prioridade. “Capricho no auto-cuidado mental e espiritual. Medito, faço afirmações, leio bastante e faço terapia. Adoro cuidar de mim”, declara.
Com uma rotina cheia de gravações e exercícios, Lis não abre mão do convívio com a família e o marido. Casada com o cirurgião André Almeida — ou Deco, como o chama carinhosamente —, ela acredita que o sucesso da relação está na parceria. “Estamos juntos há 20 anos. A rotina dele também é bastante intensa, então priorizamos sempre estar juntos quando estamos livres”, afirma. Deco é também seu maior apoiador. “Tenho, graças a Deus, uma família coesa e amorosa, além de amigos que estão sempre por perto”, completa.
No teatro, seu trabalho ao lado de André Mattos (63) em Minha Futura Ex foi um dos destaques recentes. “Fizemos sessões deliciosas por cidades de São Paulo. Esse ano ainda não temos nada agendado. Vamos aguardar e torcer”, diz. Há novos projetos em fase de leitura, mas ainda sem previsão de estreia.
Lis também tem planos para cruzar fronteiras. Em Drops from Hell, um de seus trabalhos recentes, sua personagem falava apenas em inglês. “Estudei bastante, então acabou sendo bem tranquilo”, relata. Com fluência no idioma e passaporte italiano, a atriz acredita que está pronta para novas oportunidades fora do país. “Tenho planos de expandir minha carreira para fora sim. Ainda não há nada concreto. Espero ter novidades em breve.”
Carregando o nome de Daisy Lúcidi com orgulho, Lis segue construindo uma carreira sólida, baseada em esforço, paixão e entrega. “A tia Daisy é uma grande personalidade brasileira, muito respeitada, fez uma bela história. Não sinto peso ao compartilhar o sobrenome com ela, sinto orgulho”, conclui.
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