Em entrevista à CARAS Brasil, a psicóloga Leticia de Oliveira explica como mudança de guarda pode afetar emocionalmente o filho de Marília Mendonça
Publicado em 24/06/2025, às 18h12
A disputa judicial entre Murilo Huff e a avó materna, Ruth Moreira, pela guarda de Leo, filho de Marília Mendonça (1995–2021), trouxe à tona questões delicadas sobre o bem-estar emocional do menino. O cantor entrou na Justiça pedindo a guarda unilateral da criança de cinco anos, que vive com a avó desde a morte da mãe, em novembro de 2021. Apesar da guarda compartilhada em vigor e da convivência próxima, Huff quer se tornar o único responsável legal pelo filho.
Em entrevista à CARAS Brasil, a psicóloga Leticia de Oliveira analisou o caso e explicou os possíveis efeitos psicológicos de uma mudança tão significativa na vida da criança.
Segundo a especialista, é fundamental compreender que uma criança que já enfrentou o luto pode vivenciar a troca de guarda como uma nova ruptura afetiva.
"Os principais impactos da mudança de guarda depois de uma perda como a morte da mãe são insegurança e medo do abandono, porque a criança já vivenciou a perda da mãe, que é sentida como abandono. Então, ela fica com muito mais receio, com muito mais dificuldade de confiar nas pessoas, de se vincular, porque teme novamente ser abandonada e ser retirada do ambiente em que está familiarizada", afirma Leticia.
A psicóloga alerta que o luto, mesmo em fase de elaboração, pode se intensificar. "O luto que já teve um processo, já teve um início da mãe, pode reaparecer. Todas às vezes que a criança perde de novo, ela abre a ferida do luto, ela abre a ferida da perda da mãe. Então, ela pode começar a ter sintomas do luto, que já estava em processo de elaboração. É um processo de continuação."
Além disso, o sentimento de pertencimento pode ser comprometido. "Ela pode também ter problema de identidade, de senso de pertencimento, e não conseguir se identificar em nenhum lugar. Porque muito cedo ela já trocou, já saiu de perto da mãe, já morou com a avó, e agora teria uma nova residência, um vínculo diferente. Então, ela pode não se sentir parte de nenhum lugar, o que causa ansiedade e estresse elevado."
A psicóloga também destaca outras consequências emocionais, caso a mudança ocorra: "Pode se tornar uma criança em constante estado de alerta, com muito mais irritabilidade, muito mais agressiva, confiando muito menos nas pessoas. E também pode se sentir culpada, responsável por essas pessoas terem a abandonado. Ela pode sentir a mudança de guarda — ou até a morte, a partida das pessoas — como responsabilidade dela."
No caso de Léo, em que há convivência saudável com os dois responsáveis, a especialista defende que o mais importante é preservar o bem-estar emocional da criança e não apenas as expectativas dos adultos.
"Eu acho que o importante não é o que os cuidadores, os responsáveis, avaliam como saudável, mas olhar a importância da criança se sentir bem no ambiente. A gente, como adulto, tem uma percepção muito mais apurada e um senso crítico muito mais elevado. Mas, nesse caso, eu acho que o menino só deveria ser retirado da guarda da avó, passar por esse luto, passar por esse processo, se estivesse comprovada a negligência, abuso", diz a psicóloga.
Para ela, o simples fato de existirem diferenças entre os estilos de criação não justificaria uma mudança tão drástica: "Caso contrário, diferenças de tipo de educação, diferença de pontos de vista de cada um dos responsáveis, ao meu ver, não seriam suficientes para a mudança de guarda."
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