Após diagnóstico de Tony Bellotto, médico especialista lista sinais discretos do câncer de pâncreas e explica quando buscar ajuda
Publicado em 14/05/2025, às 17h55
Tony Bellotto, guitarrista da banda Titãs, foi diagnosticado com um câncer no pâncreas durante um simples exame de rotina. Após passar por cirurgia, o músico já se recupera em casa e fez uma pausa temporária na carreira. Mas o que o caso dele nos ensina sobre a importância de prestar atenção aos sinais dessa doença silenciosa?
Em conversa com a CARAS Brasil, o médico Rodrigo Surjan, clínico e cirurgião especialista em cirurgia robótica e laparoscópica de tumores hepáticos e pancreáticos, alerta que o câncer de pâncreas muitas vezes é assintomático em estágios iniciais. Isso significa que o diagnóstico pode acontecer por acaso, como no caso de Bellotto.
"Pacientes que fazem o diagnóstico de tumor de pâncreas em exames de rotina são aqueles que são assintomáticos, ou seja, não apresentam nenhum sintoma relacionado à doença, e acabam por descobrir o tumor de forma incidental durante a realização de um exame por outro motivo (como durante um check-up)", explicou.
Segundo o especialista, existem diferentes exames de imagem usados na prática médica para identificar tumores pancreáticos. "Os tumores de pâncreas podem ser diagnosticados através de diversos exames de imagem. Podemos dar como exemplo a tomografia computadorizada, a ressonância magnética e a ultrassonografia, que são exames mais comuns na prática clínica diária."
No entanto, nem sempre esses exames são totalmente eficazes. "Temos que levar em consideração que a ultrassonografia de abdome, exame mais comum abdominal a ser realizado em exames de rotina, muitas vezes não consegue visualizar adequadamente uma boa parte do pâncreas (corpo e cauda), que se localiza atrás do estômago e de parte do intestino grosso, e o gás contido nestes órgãos prejudica as imagens ultrassonográficas."
"Já tumores em outra parte do pâncreas, como a cabeça, também são bem visualizados pela ultrassonografia", acrescenta.
Apesar de silencioso em muitos casos, o câncer de pâncreas também pode apresentar sintomas específicos, segundo Surjan.
"Os sintomas mais clássicos e claros de tumor de pâncreas são a icterícia(amarelamento da pele e dos olhos, principalmente) e a dor nas costas (o pâncreas, muitas vezes, causa dor nas costas e não no abdômen. Este é um motivo para diagnóstico mais tardio da doença, porque este sintoma costuma ser inicialmente interpretado como algum problema na coluna)."
Outros sinais podem ser sutis, mas merecem atenção:
"Entretanto, existem outros sinais e sintomas dos tumores de pâncreas que são muito mais inespecíficos, que costumam ser ignorados pelo paciente. Entre eles, podemos citar perda de peso, surgimento de diabetes, fadiga, perda de apetite, náuseas e até mesmo alterações do humor", reforça o médico.
Quando o diagnóstico é feito e a cirurgia se torna necessária, a medicina tem avançado com técnicas menos invasivas, como explica Surjan.
"As vias de cirurgia minimamente invasivas (laparoscopia e robótica), apresentam diversas vantagens em relação à cirurgia convencional aberta. Dentre elas, podemos citar incisões menores (com melhor resultado estético), menos dor após a cirurgia, mais rápida recuperação do funcionamento do intestino, menor chance de infecção de feridas, mais rápido retorno às atividades habituais, menor tempo de internação."
Ele destaca que essas técnicas são especialmente eficazes em casos oncológicos. "É muito importante salientar que, em cirurgias oncológicas, ainda, sim, estes procedimentos devem manter pelo menos a mesma eficiência em termos de retirada completa do tumor que a cirurgia convencional aberta."
E conclui: "A cirurgia robótica, em minha opinião, é uma ferramenta extremamente interessante para cirurgias pancreáticas, uma vez que cirurgias do pâncreas costumam ser procedimentos complexos e que requerem manobras extremamente delicadas."
"Na cirurgia do pâncreas assistida por robô, quando comparada até mesmo à laparoscopia, ocorre menor sangramento intraoperatório, menor tempo de internação hospitalar e pode até mesmo ser mais eficiente do ponto de vista oncológico em relação à ressecção completa das lesões e retirada de linfonodos."
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