Cheirar calcinha pode parecer inofensivo, mas há riscos reais; veja o que diz o infectologista Igor Maia Marinho sobre o tema
Publicado em 16/05/2025, às 14h40
Durante uma conversa descontraída, o ex-BBB Lucas Pizane revelou um comportamento íntimo que chamou atenção do público: o costume de cheirar calcinhas, limpas ou sujas. A declaração repercutiu nas redes e levantou um questionamento necessário: esse hábito é realmente inofensivo? Existe algum risco à saúde ao cheirar roupas íntimas usadas?
Para entender melhor os impactos dessa prática, a CARAS Brasil conversou com o infectologista Igor Maia Marinho, que esclareceu, com base científica, os perigos por trás dessa exposição.
Segundo o especialista, mesmo que pareça algo banal, cheirar peças íntimas pode, sim, representar riscos biológicos reais. "Existe um pequeno risco teórico de exposição a alguns micro-organismos ao se cheirar roupas íntimas usadas, especialmente se houver secreções corporais ainda presentes, mesmo que em pequena quantidade."
Ele detalha quais agentes podem estar envolvidos: "Entre os agentes possíveis estão bactérias como Escherichia coli, Staphylococcus aureus (incluindo cepas resistentes como o MRSA), Gardnerella vaginalis e fungos como Candida spp."
Embora a contaminação pareça improvável em um primeiro momento, o infectologista explica que o risco existe, principalmente se houver contato indireto com secreções contaminadas.
"Em situações mais raras, vírus como o HPV ou o vírus do herpes simples (HSV) também poderiam ser transmitidos por contato indireto, embora isso seja menos provável apenas pelo ato de cheirar, sem contato direto com mucosas ou lesões", diz o médico.
Ele completa: "Ainda assim, é importante lembrar que a região íntima pode abrigar uma microbiota densa, e práticas que envolvem contato próximo com peças potencialmente contaminadas representam sim um risco biológico."
O especialista explica que mesmo peças aparentemente limpas podem conter secreções invisíveis que abrigam micro-organismos perigosos: "Mesmo que pareça limpa visualmente, secreções microscópicas podem permanecer impregnadas no tecido. Isso inclui fluido vaginal, restos de urina, suor e células descamadas da pele e mucosa, que podem conter micro-organismos patogênicos."
"Se a pessoa que utilizou a peça estiver com alguma infecção ativa, há potencial de contaminação, ainda que o risco varie de acordo com o patógeno envolvido", diz o médico.
O médico revela os riscos sobre doenças respiratórias ou infecções orais diante do hábito de cheirar peças íntimas: "Embora seja improvável que isso leve a doenças respiratórias, é possível haver risco para infecções orais ou cutâneas, especialmente se houver lesões na mucosa bucal ou manipulação simultânea com outras regiões do corpo."
O médico reforça que a diversidade da sexualidade humana deve ser respeitada, desde que os cuidados com a saúde não sejam ignorados.
"A sexualidade humana é diversa e envolve comportamentos distintos, o que, por si só, não é um problema. O papel da infectologia não é julgar essas práticas, mas orientar com base em evidências sobre riscos e formas de reduzir danos possíveis", declara.
Ele orienta: "Quando práticas íntimas envolvem fluidos corporais ou objetos potencialmente contaminados, é fundamental conscientizar sobre higiene e precauções. Algumas pessoas não percebem que o que parece um comportamento inofensivo pode ter implicações médicas, especialmente em contextos de infecção. Por isso, a educação em saúde deve ser aberta, sem tabu, mas sempre atenta à prevenção e ao respeito aos limites do corpo e da saúde coletiva."
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