O gesto do Padre Marcelo Rossi emocionou a cantora Lexa, que perdeu sua primeira filha neste ano.
Publicado em 06/07/2025, às 17h48 - Atualizado em 08/07/2025, às 13h21
Uma atitude do Padre Marcelo Rossi (58) deixou a cantora Lexa (30) em prantos ao vivo no Domingo Legal (SBT) neste domingo, 6. Durante participação no game show Passa ou Repassa, o religioso avistou a funkeira e lhe disse uma mensagem de esperança em referência à perda de sua primeira filha, Sofia, fruto do casamento com o ator Ricardo Vianna (32).
"Você sabe, né? Vai chegar a hora de ter novamente, tá? E vai até o fim", disse o padre. Em seguida, a funkeira abaixou a cabeça e começou a chorar na bancada do programa. A artista também cantou a música Eu Te Levantarei ao lado do religioso. O momento repercutiu em todo o Brasil.
Sofia morreu no dia 5 de fevereiro, dias após o nascimento. A menina veio ao mundo após uma gestação complicada, marcada por uma pré-eclâmpsia grave. Para entender a reação de Lexa diante dessa situação em rede nacional, CARAS Brasil entrevista a psicóloga Larissa Fonseca.
"O choro compulsivo de Lexa após ouvir 'vai chegar a hora de ter novamente' foi a expressão de um luto ainda vivo. A fala do padre Marcelo Rossi funcionou como um disparador simbólico que atravessou defesas psíquicas e alcançou uma dor que, embora silenciada, ainda é como uma ferida exposta. Do ponto de vista analítico, perdas dessa amplitude ativam conteúdos inconscientes associados ao apego primário e à identidade materna. A ausência de um filho não se preenche, apenas se acomoda dentro da alma", explica.
A especialista afirma que a intérprete de Chama Ela vive um trauma com a perda da primeira filha, visto que era uma pessoa aguardada por ela, o marido e toda a família. Nessa fase, é importante o apoio emocional de todos à sua volta.
"Esse tipo de reação é resultado da ativação da amígdala cerebral e do sistema límbico, responsáveis pela memória afetiva e pela resposta ao trauma. O toque físico, o olhar acolhedor e a mensagem esperançosa do padre ativam também o sistema parassimpático, favorecendo o choro como forma de autorregulação. O corpo sente antes mesmo que a razão compreenda: Lexa chorou porque, naquele instante, se sentiu vista, compreendida e acolhida em sua dor, inclusive com espaço para imaginar, ainda que brevemente, a possibilidade de recomeço", diz.
Fonseca afirma que o luto não tem prazo. "E, no caso de uma mãe que perdeu um filho, pode se estender pela vida toda, porque não se trata apenas de lidar com a ausência física, mas com tudo o que aquele filho representava emocionalmente, simbolicamente, biologicamente. O luto pode ser visto como um processo que atravessa fases: primeiro o protesto diante da perda, depois a desorganização psíquica, até que, pouco a pouco, o sujeito consiga entrar em um movimento de reorganização emocional. Só que esse caminho não é linear, não é visível aos outros e tampouco fixo. Ou seja, uma fase anterior pode retornar", alerta.
"Quando há uma perda tão profunda, o cérebro reage. Há alterações importantes nos níveis de dopamina e cortisol, afetando sono, apetite, libido, motivação. É como se o corpo inteiro estivesse em luto também. Por isso, o processo de superação exige mais do que tempo. Exige cuidado, acolhimento e, principalmente, sentido. E quando digo sentido, falo da capacidade de transformar a dor em um símbolo. Foi o que a Lexa fez ao cantar 'Eu Te Levantarei'. Aquilo não foi só uma apresentação. Foi um ato de reconstrução. Porque ela não apenas homenageou o que foi perdido, mas também se reposicionou diante da vida. E isso é um marco dentro do processo de luto: quando a dor encontra espaço para coexistir com a possibilidade de seguir", acrescenta a psicóloga sobre a cantora.