Em conversa com a CARAS Brasil, médica detalha sinais que indicam risco de perda gestacional no final da gravidez, como nos casos de Tati e Micheli Machado
Publicado em 15/05/2025, às 13h05 - Atualizado às 13h10
A perda de um bebê na reta final da gestação é uma dor devastadora e, infelizmente, mais comum do que se imagina. Foi o que viveram recentemente a apresentadora Tati Machado, que estava com 8 meses de gestação, e a atriz Micheli Machado, que esperava seu bebê já no nono mês. Ambas relataram o mesmo sintoma antes da tragédia: a ausência de movimentos do bebê.
Mas como identificar os sinais de alerta para uma perda gestacional tardia? E o que fazer imediatamente ao notar algo fora do comum? A ginecologista Ana Paula Mondragón conversou com a CARAS Brasil e esclareceu o que pode causar esse tipo de perda, como se prevenir e qual deve ser a reação imediata das mães.
Embora o pré-natal seja essencial, ele não garante 100% de segurança. Segundo a médica: "O óbito intrauterino pode ocorrer em qualquer momento da gestação, inclusive nas últimas semanas, mesmo sendo algo raro e mesmo em gestantes de baixo risco que realizam acompanhamento pré-natal adequado."
Ela explica que, em muitos casos, não há causa evidente: "Em uma parte dos casos não existe uma causa evidente, o que torna o processo de aceitação ainda mais doloroso para os pais."
A médica aponta que os fatores de risco são divididos em três grupos: maternos, fetais e placentários/cordão. Confira:
Causas maternas:
Causas fetais:
Causas placentárias/cordão:
Segundo Mondragón, a falta de movimentos do bebê é um dos principais sinais de urgência: "A ausência, assim como a redução dos movimentos fetais, é um sinal de alerta importante e deve ser levada a sério imediatamente. A percepção dos movimentos fetais, chamada de “mobilograma” é uma ferramenta simples, eficaz e acessível de vigilância da saúde fetal."
Ela orienta o seguinte protocolo para as gestantes: "Ao perceber diminuição ou ausência de movimentos fetais, a gestante deve inicialmente se alimentar, movimentar a barriga com as mãos e deitar-se preferencialmente do lado esquerdo ou sentar-se com ambas as mãos espalmadas sobre a barriga durante 1 hora. Se a gestante conseguir registrar seis movimentos em uma hora, não é necessário continuar e o resultado do exame foi satisfatório. Caso contrário, a contagem deve ser novamente realizada e, se na próxima hora não sentir seis movimentos, a mesma deve procurar imediatamente o serviço de emergência para ser avaliada e realizar ultrassonografia."
Para a médica, a resposta é: em parte. Alguns exames ajudam a identificar gestantes com maior risco. Entre eles estão:
"A ultrassonografia com doppler, o perfil biofísico fetal, a cardiotocografia e a avaliação dos movimentos fetais. A prevenção é um bom pré-natal com identificação de fatores de risco individuais e um estilo de vida saudável", explica.
Esse tipo de perda ainda é visto como algo distante, quase um tabu. Mas a médica alerta: "É importante que o público compreenda que as perdas gestacionais, mesmo as tardias, não são eventos tão raros quanto se imagina e, sendo assim, não devem ser tratadas como tabu. Elas ocorrem mesmo em gestantes saudáveis e com pré-natal adequado. O silêncio em torno do tema contribui para a desinformação e o isolamento das mulheres que passam por essa dor."
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