Em entrevista à CARAS Brasil, a psicóloga Leticia de Oliveira analisa como abandono e rejeição parental pode impactar Bia Miranda no amor
Publicado em 13/06/2025, às 16h16
Após revelar que foi vítima de agressão do pai de sua segunda filha,Bia Miranda voltou aos holofotes com um novo desabafo: a jovem influenciadora decidiu rejeitar novamente a mãe, Jenny Miranda, mesmo após tentativas de reaproximação. A relação entre as duas está rompida há anos, e o episódio levanta uma pergunta delicada: traumas familiares podem influenciar nas relações amorosas?
Para entender os impactos dessa rejeição, a CARAS Brasil conversou com a psicóloga Leticia de Oliveira, que analisou o comportamento da influenciadora e os reflexos de uma infância marcada por abandono.
A especialista explica que a forma como nos sentimos acolhidos na infância determina a maneira como nos conectamos emocionalmente na vida adulta.
"Se meu pai ou minha mãe não me amam, se eu não me sinto suficiente para eles, se não sou prioridade, como vou ser prioridade para outra pessoa que nem compartilha meu sangue, que não me gerou, que nem me escolheu? Instintivamente, até entre os animais, a mãe cuida da cria, prioriza, dá tudo de si para ela. Quando essa ordem natural se inverte, quando a mãe não exerce esse cuidado, ou o pai é negligente, ou ausente, é muito comum que a criança cresça com a sensação de pouca importância. E pessoas com baixa autoestima costumam desenvolver uma grande dependência emocional em relação a tudo e a todos", pontua.
Segundo Leticia, é comum que relações amorosas desestruturadas tenham como base laços familiares fragilizados: "Toda desordem emocional, psíquica, mental — toda instabilidade nos relacionamentos amorosos — geralmente tem origem em relações familiares desestruturadas. Pensemos, por exemplo, em um pai alcoólatra ou em uma mãe negligente. Nem sempre os abusos ou as negligências são explícitos", explica.
O processo de autoconstrução começa cedo e, quando falha, exige atenção profissional: "Quando uma pessoa é muito insegura, tem autoestima baixa, apresenta dependência emocional, dificuldade em lidar consigo mesma ou não se sente capaz de conquistar o que deseja, esses são indícios de que ela não construiu uma imagem saudável de si na infância. Pessoas com insegurança, baixa autoestima, instabilidade emocional ou angústias recorrentes precisam de terapia", alerta a psicóloga.
A especialista afirma que a terapia pode oferecer diversos benefícios em casos como o de Bia Miranda: "É necessário compreender a própria história, organizar os sentimentos e reprocessar as memórias afetivas para poder fazer novas escolhas na vida", reforça Leticia.
A tentativa de Jenny Miranda em se aproximar da filha pode ter feito mais mal do que bem, segundo a análise da psicóloga: "O fato de a mãe procurar a Bia nesse momento, mesmo já tendo demonstrado rejeição anteriormente, pode ter agravado ainda mais a dor dela. Pode ter reativado gatilhos de rejeição, abandono, agressão e negligência", aponta.
A especialista também desconstrói a ideia de que laços de sangue obrigam à reconciliação: "Existe uma crença muito forte de que 'mãe é mãe', de que 'pai é pai', de que o filho deve aceitar, cuidar, entender. Mas essa máxima nem sempre se aplica. Acredito que a obrigação é sempre dos pais. São eles que devem oferecer o melhor, priorizar os filhos, entregar amor e cuidado sem esperar algo em troca. O amor mais genuíno deveria ser o de mãe e pai", reflete.
A recusa da influenciadora em aceitar a presença da mãe durante um período difícil, segundo Leticia, é reflexo de um histórico emocional profundo.
"No caso da Bia, o que ela relata é justamente a ausência dessa construção afetiva com a mãe. E provavelmente foi isso que a fez não querer aceitar a presença dela em um momento tão difícil", conclui a psicóloga.
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